O bilionário egípcio Mohamed Mansour tem uma vida repleta de reviravoltas, passando da riqueza à pobreza e novamente para a riqueza. Sua história de vida é uma sequência de eventos dignos de um romance vitoriano.
Ele nasceu em uma família aristocrática e rica. No entanto, quando
ele se matriculou na Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, o presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, confiscou a fortuna da família e nacionalizou sua empresa de algodão. O jovem de 18 anos sobreviveu durante seis meses comendo pão e ovos até conseguir um emprego em um restaurante que lhe permitiu se sustentar pelo resto da faculdade.
Aos 20 anos, logo após concluir seu curso, Mansour foi diagnosticado com câncer nos rins. Na época, pouquíssimas pessoas sobreviviam à doença. No entanto, uma rápida remoção do órgão e radioterapia o levaram à recuperação, e ele permanece livre do câncer desde então.
Após a perda inicial da fortuna, a família retomou o negócio de exportação de algodão sob um novo presidente e lançaram uma distribuidora afiliada de automóveis. Mansour, então com 28 anos, assumiu a administração dessa distribuidora com seus irmãos após a morte de seu pai em 1976.
Eles expandiram o Grupo Mansour e o transformaram em um império multibilionário,do qual Mohamed é presidente. Conquistaram contratos lucrativos com a General Motors (são um dos maiores distribuidores da montadora no mundo) e fabricam equipamentos de construção para a Caterpillar.
Em 2010, após se mudar para o Reino Unido, Mansour fundou a empresa de private equity da família, a Man Capital. Atualmente ela representa um terço de sua fortuna de US$ 3,3 bilhões. A Mantrac, revendedora da Caterpillar, representa 25% do total e os ativos restantes incluem participações em negócios fechados como a Mansour Automotive, e em outros empreendimentos, como a ManFoods, uma operadora de restaurantes McDonald’s no Egito.
Seus dois irmãos, Youssef e Yasseen, que comandam partes do conglomerado familiar, também são bilionários, com fortunas avaliadas em US$ 1,3 bilhão e US$ 1,2 bilhão, respectivamente.
Cinquenta e oito anos após perder tudo, Mansour sentou-se com a Forbes para discutir algumas lições que aprendeu ao longo de suas décadas nos negócios, bem como seus inúmeros encontros com adversidades.
1- Prometa menos e entregue mais
Quando Mansour estava começando na distribuição de carros, ele era uma pessoa pouco conhecida. A GM confiava apenas em seu falecido pai. Embora o setor privado do Egito estivesse se abrindo sob um novo regime, os importadores estrangeiros estavam nervosos devido aos projetos de nacionalização de Nasser. Ele sabia que não podia arriscar manchar sua reputação. “Eu minimizava”, diz Mansour sobre suas promessas à GM naquela época. “Se eu soubesse que faria 100 carros, diria 50”. Mesmo agora, que seus negócios estão bem estabelecidos e o clima econômico do Egito é estável, Mansour ainda segue a mesma filosofia.
2 – Procure as lacunas no mercado e preencha-as
Ao projetar um negócio, primeiro descubra o que está faltando no mercado. Aprenda a fazer o que ninguém mais faz. Quando Mansour estava começando no meio da década de 1970, seus muitos anos morando nos Estados Unidos o tornaram bem adequado para negociar mercadorias entre os EUA e o Egito. “Ninguém conseguia falar a língua ou entender a maneira americana de fazer negócios, exceto nossa família na época”, diz ele.
3 – Não se sente à cabeceira da mesa
“Quando estou na sala de reuniões, não me sento na ponta da mesa”, diz Mansour. Na verdade, ninguém se senta lá: “A cabeceira está vazia.” Isso fomenta um senso de trabalho em equipe e lealdade entre seus colegas. “Eu sou mais um pensador. Não falo muito. Tenho pessoas muito boas ao meu redor. Pessoas que eu sei que vão me dizer a verdade. E provavelmente são mais inteligentes do que eu.”
4 – Não “viva à sombra de você mesmo”
À medida que um negócio amadurece, é fácil ficar preso a padrões de pensamento familiares e formas de fazer as coisas, ou ficar obcecado com o que a empresa costumava ser e seus objetivos originais. Isso é exatamente o que Mansour tenta evitar. “Eu nunca vivo à sombra de mim mesmo. É uma expressão que eu uso.” Ele prioriza a inovação e a busca por novas fronteiras. Isso é o que o atrai para investir em empreendimentos voltados para o futuro, como tecnologia. Para isso, ele se certifica de se cercar de colegas jovens que estão conectados com as tendências e novas ideias: “Trazemos homens e mulheres brilhantes que são mais jovens, têm visão. Eles podem nos aconselhar”.
5 – Você pode ser amigo dos seus funcionários, mas apenas fora do trabalho
Quando Mansour assumiu partes do negócio após a morte de seu pai, ele enfrentou uma escolha: “Eu contrato pessoas experientes e mais velhas do que eu? Ou amigos que sei que posso confiar?”. Ele escolheu a segunda opção e, por um tempo, funcionou maravilhosamente. Ele tinha uma política de portas abertas no escritório. Compartilhava uma camaradagem calorosa com os colegas durante o dia e socializava com eles à noite. Mas quando os viu jogando futebol no meio do escritório um dia, percebeu que tinha ido longe demais. “Aprendi com meus erros. Eu disse: ‘Ou é trabalho ou prazer. Somos amigos fora do escritório.’ E então comecei a me retirar. Fechei a porta, e foi assim que fiz a diferenciação.” Estabelecer limites no trabalho eventualmente se tornou natural para ele.
6 – Não subestime os fatores macroeconômicos
“O macroeconômico é fundamental”, diz Mansour. Ele cometeu erros no passado por não prestar atenção em como a política e grandes mudanças econômicas podem afetar seus negócios. Ele não previu o enfraquecimento da moeda egípcia a partir do final dos anos 70. A desvalorização da libra dificultou a importação de novos veículos e tornou o pagamento de dívidas cada vez mais difícil. Para piorar, o governo egípcio proibiu temporariamente muitas importações, incluindo carros estrangeiros, para lidar com a crise. Mansour quase faliu.
7 – Use a adversidade a seu favor
Quando sua família perdeu a fortuna sob o programa de Nasser, Mansour aprendeu o valor do dinheiro. Isso o tornou mais relutante em assumir dívidas no futuro, de modo que ele foi capaz de salvar suas finanças durante a crise econômica egípcia da década de 1980. “Isso me fez um homem melhor?”, pergunta Mansour sobre suas dificuldades financeiras. “Definitivamente, sim.”