Pressão econômica leva EUA e China a reduzirem tarifas em acordo inesperado

Cerca de um mês após o início da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China que abalou o mundo, os dois países reverteram a maioria das tarifas recíprocas em um movimento inesperado. A partir de quarta-feira (14), os EUA reduzirão as tarifas sobre as importações chinesas de 145% para 30% e a China retribuirá reduzindo os impostos sobre prod utos americanos de 125% para 10%.

Os dois lados classificaram o resultado como um “progresso substancial”. Mas observadores e empresas afirmam que o acordo representa apenas um adiamento temporário, e não uma redefinição das relações entre as duas superpotências.

Abaixo confira os motivos que levaram a um recuo na retórica dos dois países e ao acordo firmado em Genebra, na Suíça, no último fim de semana.

A realidade econômica se impôs a Donald Trump

A abrangência e a rapidez do acordo surpreenderam muitos. Segundo analistas do Morgan Stanley, a tarifa comercial efetiva dos EUA sobre produtos chineses caiu de 107% para cerca de 40%, com base no anúncio feito ontem. Isso é bem abaixo da estimativa anterior do banco, de uma queda gradual para 71% até a metade do ano. Enquanto isso, a tarifa efetiva da China sobre os produtos dos EUA recuou para cerca de 25%.

O recuo evidencia os limites da abordagem de Trump em negociações diante da realidade econômica.

Trump está “recuando diante da pressão econômica e do mercado”, diz Michael Hirson, chefe de pesquisas sobre a China da 22V Research de Nova York. Ativos americanos – como ações, bônus e o dólar – sofreram uma forte queda no começo de abril, enquanto empresas varejistas americanas alertavam sobre prateleiras vazias por causa de interrupções nas cadeias de abastecimento causadas pelas tarifas elevadas.

Alguns acreditam que Trump começou a recuar com as tarifas ao perceber que as empresas americanas arcariam com custos adicionais. Apesar da forte redução no comércio entre os países, as empresas chinesas continuaram exportando para os EUA em abril, embora em volume 21% menor do que no mesmo período do ano passado.

Isso indica que “tarifas significativas estavam sendo pagas pelos importadores dos EUA”, segundo afirma Lynn Song, economista-chefe do ING para a China, acrescentado que os EUA podem ter dificuldades para encontrar substitutos viáveis para muitos dos produtos chineses.

Trata-se de uma trégua, e não de um acordo

A trégua rápida, no entanto, não impede que os EUA voltem atrás – como Trump fez em seu primeiro mandato. Em janeiro de 2018, a China e os EUA concordaram com uma pausa de 90 dias em sua guerra comercial durante a reunião de cúpula do G20. Mas, em maio de 2019, Washington aumentou as tarifas de 10% para 25% sobre importações chinesas avaliadas em US$ 200 bilhões, após o colapso das negociações.

“Essa é uma solução temporária”, disse Wendy Cutler, vice-presidente do Asia Society Policy Institute. “Reduzir tarifas por um determinado período de tempo é bem diferente de uma solução permanente e sugere que as tarifas poderão retornar se as discussões empacarem.”

Encontrar um meio-termo para questões antigas, como a política cambial da China e o acesso de empresas americanas ao mercado chinês, poderá levar muito mais tempo, se é que será possível.

“Os atritos comerciais sistêmicos entre os EUA e a China não serão resolvidos em 90 dias”, diz Stephen Olson, pesquisador sênior do ISEAS-Yusof Ishak Institute de Cingapura.

Ainda há incertezas em torno das medidas não tarifárias da China

O Ministério do Comércio da China disse que vai suspender ou cancelar todas as “contramedidas não tarifárias” contra os EUA, mas não forneceu maiores detalhes. Estas incluem a proibição de exportação de minerais críticos e a suspensão das licenças de importação de soja para empresas americanas. No entanto, o Yuyuan Tantian – veículo de mídia social ligado à emissora estatal chinesa CCTV – disse, ontem, que o controle às exportações de minerais de terras raras continuará em vigor.

No sábado (10), o mesmo canal informou que a China “acelerou a substituição” de produtos dos EUA, como soja, milho e óleo vegetal, ao firmar acordos com a Argentina e o Brasil.

Ontem, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sinalizou que os EUA poderão fechar alguns “acordos de compra” com a China, gerando expectativas de que outra forma do chamado Acordo de Fase 1 possa estar em andamento. Pequim não cumpriu em grande parte sua promessa de comprar mais US$ 200 bilhões dos EUA, em produtos como soja, ao longo de 2020 e 2021.

Os analistas estão menos otimistas quanto ao conteúdo de um acordo semelhante. “O apetite real da China por produtos americanos provavelmente é ainda menor, hoje, dada a fraca demanda interna e a prioridade estratégica da China de reduzir os riscos nas cadeias de abastecimento críticas, afastando-se da dependência dos EUA”, diz Hirson da 22V Research.

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