O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reafirmou hoje que o cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta. Na semana passada, o Copom manteve a meta da taxa Selic em 15% ao ano.
“Prospectivamente, o comitê seguirá acompanhando o ritmo da atividade econômica, fundamental na determinação da inflação, em particular da inflação de serviços; o repasse do câmbio para a inflação, após um processo de maior volatilidade da taxa de câmbio; e as expectativas de inflação, que se mantêm desancoradas e são determinantes para o comportam ento da inflação futura”, informa a ata da reunião da semana passada do colegiado, divulgada nesta manhã.
O Copom voltou a enfatizar “que os vetores inflacionários seguem adversos, como resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, expectativas de inflação desancoradas e projeções de inflação elevadas”.
“Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”.
Na ata, o Com ressalta que inicia um novo estágio do ciclo de política monetária em que “opta por manter a taxa inalterada e seguir avaliando se, mantido o nível corrente por período bastante prolongado, tal estratégia será suficiente para a convergência da inflação à meta”.
O BC aponta no documento que esse novo estágio “na medida em o cenário tem se delineado conforme esperado”. E afirma ainda que “após uma firme elevação de juros, o Comitê optou por interromper o ciclo e avaliar os impactos acumulados”.
De acordo com o colegiado, endossando o cenário esperado do Comitê até aqui, há uma moderação gradual da atividade em curso, certa diminuição da inflação corrente e alguma redução nas expectativas de inflação.
“No entanto, o Comitê seguirá vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de alta se julgar apropriado, afirma. “Reafirmou-se o firme compromisso com o mandato do Banco Central de levar a inflação à meta”.
O Copom reafirmou que o cenário de maior incerteza segue apresentando riscos mais elevados do que o usual tanto de alta quanto de baixa para o cenário de inflação.
Em ter os riscos altistas para a inflação, destacou: uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.
Entre os riscos baixistas para a inflação, enumerou: uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e uma redução nos preços das commodities com com efeitos desinflacionários.