A falta de trabalhadores no comércio é a maior dos últimos 5 anos, aponta levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Para atrair profissionais, as empresas estão oferecendo mais benefícios.
Não tem nem três meses que o Nicolas está trabalhando em uma empresa de logística, na Grande São Paulo, e ele já está cheio de planos: ele quer cursar a faculdade de logística, disse.
A empresa, que recebe 1 milhão de pacotes por dia, está apostando em mão de obra jovem para tentar preencher cerca de 60 vagas.
A empresa em que a Bruna Campos, gerente executiva de RH, trabalha, entrou em alerta para a falta de profissionais há quatro meses. E, para atrair candidatos, passou a oferecer vários atrativos, como salários maiores e vale-alimentação dobrado para quem não falta no mês. "Ainda assim está difícil", diz.
O problema atinge principalmente o comércio eletrônico, como explica o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.
"Nos últimos 12 meses o salário médio de admissão no Brasil cresceu mais de 5%. E a gente tem algumas profissões no comércio em que esse salário de admissão chegou a crescer quase 10%. Ou seja, um indício fortíssimo de escassez. É uma forma que o empregador tem de tentar resolver o problema dele de uma forma mais rápida", afirma o economista.
O profissional que mais falta no mercado é operador de telemarketing. O salário inicial subiu quase o dobro da inflação dos últimos 12 meses. Depois vêm analista de pesquisa de mercado e analista de negócios, que também tiveram alta nos salários.
O que vai requerer mais tempo, segundo o economista-chefe da CNC, é a solução para a falta de mão de obra no setor.
"Só vai conseguir resolver esse problema de escassez, promover essa transição do mercado de trabalho analógico para o digital, elevando o grau de qualificação dos trabalhadores", afirma o economista.